O XXXIV Congresso Internacional da SIPS (Sociedade IberoAmericana de Pedagogia Social) e a 10.ª conferência de Mediação Intercultural e Intervenção Social, a realizar conjuntamente na ESECS.IPL (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria) nos dias 20 e 21 de outubro de 2022, cruzam dois domínios simultaneamente distintos mas, também, inegavelmente associados na intervenção social empoderadora.
Há, ainda, uma grande lacuna de estudos sobre a relação da Pedagogia Social e, em parte, de todas as profissões sociais, com a Mediação Intercultural que aposta no interventor que age dialogando, negociando, [mediando], empoderando, autonomizando, com práticas sempre de natureza relacional, no trabalho com sujeitos que pensam sobre si e sobre os outros.
A Pedagogia Social, enquanto ciência matriz quer da Educação Social, quer da Animação Sociocultural, quer mesmo do Serviço Social moderno, aponta para tudo menos para o assistencialismo e para a caridade na pretensa ajuda aos outros. Pelo contrário, alimenta profissões caraterizadas pela relação social de proximidade onde a escuta ativa, a comunicação no seu sentido lato, a empatia e o partir do outro para a construção da sua própria autonomização são fundamentais. Inevitavelmente, a Pedagogia Social desemboca nessas profissões, não raras vezes, através da Mediação Intercultural [enquanto paradigma essencialmente preventivo, transformador e socioeducativo] onde o interventor, ao contrário da mediação clássica, é tudo menos neutro, como se procurará discutir. É tudo menos imparcial, como se procurará discutir e refletir neste congresso. O Pedagogo Social tem intenções de mudança, o que implica uma (trans)formação de si, da visão sobre si próprio e da visão sobre os outros.
Mas essa transformação não pode ser nem uma simples maquilhagem ou cosmética, nem uma máscara imposta pelo interventor social. Este, enquanto construtor de projetos e, por que não, também de sonhos, como diz o poeta, deverá potenciar ânimo e vontade de querer ser, fazer, recorrendo à construção de pontes de sentido entre o ontem, o hoje e o amanhã; entre o ‘eu’ e o “outro”, entre nós e os outros, entre a identidade e a alteridade, através de uma mediação socioeducativa que, neste sentido, é sempre intercultural, interpessoal, intrapessoal e intergrupal.
Este trabalho relacional, seja do educador social seja de outros profissionais do trabalho social, só pode ocorrer com recurso a competências em mediação intercultural, para a transformação do(s) outro(s), a partir de si próprios, com vontades renovadas, sonhos emergentes, projetos elaborados ou reelaborados na interação com o interventor. Este é, assim, um mediador intercultural que põe em prática a Pedagogia Social mais empoderadora e educadora no sentido mais amplo e antropológico do termo e que antes da resolução de choques de culturas, tensões ou mesmo conflitos, aposta na prevenção e transformação social para uma cultura de paz, para uma (com)vivência versus coexistência, e para a construção de uma sociedade glocal mais intercultural e inclusiva.
É para debater, discutir e aprofundar estas questões que se convidam os interessados a apresentar e partilhar experiências de Pedagogia Social e de Mediação Intercultural, em torno dos seguintes eixos temáticos:
1 | Teoria e Prática em:
- Comunidades (“reais” ou “imaginadas”)
- Contextos familiares
- Territórios educativos em espaços públicos e privados: escolas, associações, municípios, instituições
2 | Conceções epistemológicas sobre pedagogia social e mediação intercultural
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